“Os animais estão por toda a
parte”. É assim que Helen I. Bachmann inicia seu interessantíssimo livro O animal como símbolo nos sonhos, mitos e
contos de fadas. O objetivo deste livro é falar dos animais enquanto
animais e deles enquanto expressões simbólicas presentes na psique. E justamente por isto, de
acordo com a autora, o material apresentado deve ser compreendido “como um
estímulo e não como uma definição, ou seja, um estímulo para continuar, por
conta própria, a busca pelos conteúdos dos significados” de cada símbolo.
“Estão
ao nosso redor e como imagens interiores dentro de nós”. Ao procurar entender a
natureza de cada um dos animais citados neste livro, 12 ao total, Bachmann tem
por objetivo auxiliar a que os animais não sejam reduzidos a um significado
simbólico único, atendendo ao preceito de que na interpretação psicoterapêutica
“um
símbolo de animal está [...] estreitamente ligada à natureza, às circunstâncias
da vida, ao conjunto do ambiente da vida do indivíduo que se depara com a
imagem de animal, e, somente neste contexto, pode-se procurar pelo seu significado
no caso particular”.
O símbolo é entendido na
psicologia analítica como o fenômeno psíquico que permite ao inconsciente
dar-se a conhecer por via indireta. Ele é o resultado direto da tensão gerada
entre consciente e inconsciente, produzido através do que Jung chamou de função
transcendente. De acordo com Penna (2013, p. 166), o símbolo “é o produto da
tensão entre os opostos em busca de integração”. Desta forma, “os símbolos
representam tentativas naturais na reconciliação e união dos elementos
antagônicos da psique” (JUNG, 2008, p. 126).
Assim, por não serem elementos neutros, a sua assimilação
pela mente consciente vai permitir a modificação da personalidade do indivíduo
(JUNG, 2008, p. 126). Ainda de acordo com Jung (2008, p. 60),
Para
benefício do equilíbrio mental e mesmo da saúde fisiológica, o consciente e o
inconsciente devem estar completamente interligados, a fim de que possam se
mover em linhas paralelas. Se se separam um do outro ou se “dissociam”, ocorrem
os distúrbios psicológicos. Nesse particular, os símbolos oníricos são os
mensageiros indispensáveis da parte instintiva da mente humana para a sua parte
racional, e a sua interpretação enriquece a pobreza da nossa consciência
fazendo-a compreender, novamente, a esquecida linguagem dos instintos.
Tendo isto em vista,
percebe-se que a importância deste livro é oferecer subsídios suficientes para
que o trabalho de interpretação dos animais como elementos simbólicos seja
enriquecido com informações que permitam a devida amplificação do material
simbólico apresentado no sonho com informações sobre os animais enquanto
animais e eles enquanto símbolos presentes na mitologia e nos contos de fadas. “O
meu interesse principal”, afirma a autora, “foi a imagem do animal e o seu significado
simbólico, e uma vez que na fantasia e nos sonhos não há limites, outros
animais foram acrescentados. Além disso, inspiraram-me aquelas imagens de
animais com os quais me deparei no trabalho com os meus e as minhas clientes em
psicoterapia”.
Por fim, recomendamos a leitura deste prazeroso livro e
agradecemos à Editora Vozes pela parceria para que esta resenha pudesse ser
produzida. Os animais como símbolo nos
sonhos, mitos e contos de fadas se encontra à disposição nas principais
livrarias, além de estar presente nas lojas da Livraria Vozes, física ou
virtual (http://www.universovozes.com.br/2013).
Recife, 28 de novembro de 2017
Elaborada por Anderson
Santiago
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