domingo, 9 de julho de 2017

Resenha – Complexo, arquétipo e símbolo de Jolande Jacobi


            O livro escolhido para ser resenhado desta vez é Complexo, Arquétipo e Símbolo na Psicologia de C. G. Jung de Jolande Jacobi. Ela foi uma importante divulgadora da obra de Jung. De origem judia, conhece Jung em 1928 e a partir de então dedicou-se a estudar minuciosamente a teoria junguiana até culminar no doutorado em psicologia em 1938 (BAIR, 2006, p. 21).
            Responsável por uma das primeiras tentativas de sistematização da teoria junguiana (A Psicologia de C. G. Jung: uma introdução às obras completas, publicada em 1940), Jacobi recebeu o aval de Jung para as duas obras na forma de um prefácio. Para este volume, Jung afirma esperar “que os esforços da autora, especialmente as explicações teóricas da primeira parte, ilustradas com exemplos sobre o modo de manifestação e a atividade do arquétipo, possam trazer alguma luz. Sou-lhe grato por me aliviar do trabalho de sempre ter de indicar meus próprios livros aos meus leitores” (p. 9).
            O livro é dividido em duas partes. Na primeira, Jacobi se dedica a sistematizar as ideias em torno do que seja o Complexo, o Arquétipo e o Símbolo. De acordo com Jacobi (2016, p. 42):

Quando o complexo se “despe” de conteúdos da biografia pessoal do indivíduo que lhe foram sobrepostos, o que ocorre, por exemplo, no curso de um trabalho analítico, mediante conscientização deste material conflituoso reprimido, então o verdadeiro núcleo do complexo, o “ponto nodal” advindo do inconsciente coletivo e que estava envolto por esses conteúdos, é exposto.

            Sobre o arquétipo ela diz o seguinte (2016, p. 71):

Quanto mais profunda é a camada no inconsciente da qual provém o arquétipo, mais escasso será o seu desenho básico, porém mais oportunidades de desenvolvimento estarão encerradas nele, maior será sua riqueza de significados.

            Sobre o símbolo, ela afirma que (2016, p. 117):

O símbolo une os opostos e, com isso, os transcende, para, em seguida, novamente deixar que eles se separem, de modo que nenhuma rigidez, nenhuma estagnação se instale. Assim, ele mantém a vida psíquica em fluxo constante e a faz avançar em direção de seu objetivo a que está destinada.

            A segunda parte deste livro é destinada a analisar os símbolos oníricos de uma criança à luz das elaborações teóricas anteriores sobre complexo, arquétipo e símbolo. O sonho analisado pertenceu a uma menina de 8 anos que viria a morrer um ano depois, vítima de escarlatina. De acordo com Jacobi, a tentativa de interpretação oferecida é um exemplo de como o método junguiano pode revelar o sentido do sonho através do processo de amplificação, além de indicar como lidar com material arquetípico.
            Este sonho é um belíssimo exemplo de sonho arquetípico e nos auxilia por demais a visualizar como funciona o processo de amplificação na prática, não sendo, contudo, possível de ser utilizada na prática psicoterapêutica pela evidente complexidade, mas por não ser possível ao psicoterapeuta dispor, de improviso, todas as amplificações necessárias numa sessão analítica.

Muitas vezes, o sonho representa, por assim dizer, uma tentativa de comunicar à psique, por meio da linguagem de imagens, um insight que lhe é necessário justamente naquele momento e se destina à produção de um novo equilíbrio (JACOBI, 2016, p. 149)

            Este é um livro essencial para a todos os que desejam aprofundar-se na teoria junguiana, além de possuir um alto valor histórico por ter sido avalizado pelo próprio Jung. O texto é agradável, o projeto gráfico muito bom e faz parte da já excelente Coleção Reflexões Junguianas. Ele se encontra à disposição nas principais livrarias, além de estar presente nas lojas da Livraria Vozes, física ou virtual (http://www.universovozes.com.br/2013).

Resenha elaborada por Anderson Santiago

Referências:
1. BAIR, Deirdre. Jung: uma biografia. Volume 2. 1ª edição. São Paulo: Globo, 2006.

2. JACOBI, Jolande. Complexo, arquétipo e símbolo na psicologia de C. G. Jung. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

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